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domingo, 28 de março de 2010




MUITO OBRIGADO A VOCÊS, QUE ME SEGUEM E INSPIRAM!
ME SINTO ENOBRECIDO E VITORIOSO POR VCS AQUI!!!!
NAMASTÉ!!!

terça-feira, 16 de março de 2010

ACESSIBILIDADE - UM PEQUENO EXEMPLO DA FALTA QUE FAZ.






Bairro Engenheiro Goulart, Zona Leste, 12:56; eu levo meu filho Pedro à escola, e mais adiante vejo duas mães tirando suas filhas do Fiat Uno, sendo uma graciosa menina com roupa de ballet, e em seguida a outra mãe tirando uma pequena cadeira de rodas sobre a qual ajeita outra graciosa menina, sorridente, visivelmente ansiosa para entrar na escola para mais um dia de aula.
Fiz questão de caminhar seguindo-as e vi que a mãe da pequena cadeirante é obrigada a conduzir a filha pela rua, uma vez que a calçada que poderia direta e seguramente proporcionar 100 metros seguros de caminhada até a escola é toda abandonada - revestimento estourado pelas raízes das duas Sibipirunas altas que estão plantadas no passeio, a terra úmida escorregadia, fezes de cães, pedras soltas - perigo para toda e qualquer pessoa.
Nesta esquina (Rua dos Professores com Rua dos Economstas), o imóvel de número 3, onde existe uma residência e uma oficina mecânica tem um gramado até bem cuidado como o imóvel em seu todo, considerando a atividade exercida, daí pergunto: por que não se cuida do passeio?? será que o proprietário tem noção, tanto da responsabilidade que tem sobre a segurança, e sobre a obrigação de se conservar o mesmo limpo e regular?
Acho que não, pois a observar, esta situação perdura há pelo menos uns três anos e enquanto isso a mãe resignada, disputa com os carros um trecho da metade da rua, um declive relativamente íngreme, logo perigoso, e isso por falta da boa vontade do proprietário da casa de número 3.


terça-feira, 9 de março de 2010

JARDIM ROMANO - DEPOIS DO SHOW


Em visita feita no dia 8 de março no Jardim Romano, em companhia de três jovens estudantes de jornalismo que me convidaram para explicar tecnicamente alguns problemas nas casas, decorrentes das enchentes ocorridas entre dezembro e janeiro, conheci Dona Maria; viúva, com dois filhos, vive atualmente com um salário mínimo, pensão deixada pelo marido. Sua casa foi como muitas, tomada pelas águas e como mostro nas fotos, totalmente danificada pela umidade e pela lama o que deixou um mau cheiro que nada elimina.


Um resto de cama, uma geladeira inutilizada, um banheiro sem condições de utilizar, o que era um pequeno empório na frente da casa, cada ponto da casa enfim, mostra a desolação e incrivelmente a esperança de retornar demonstrada inconscientemente através de objetos deixados exatamente como estavam no momento da invasão das águas, como a touca de banho na parede do que era, ainda modesta e precariamente, um banheiro da família..
Dona maria teve a promessa do Subprefeito de São Miguel Paulista, que sua casa seria reformada; a mesma disse que, indo á subprefeitura, foi mandada ao setor HABI-LESTE, que a mandou a outro e mandou a outro e por fim, nada resolvido. Ela diz que tem testemunhas para provar isso.
Ela, espera e tem esperança.

Mais fotos da casa de Dona Maria e das redondezas:

segunda-feira, 8 de março de 2010

O ESTADO DE SÃO PAULO - Canção


(1985 - Marco A. Bernardino)

2007 - Todos os direitos reservados


Eu te vejo acordando perdida,

Num sonho errado,

Sob a luz que ilumina,

Seu olhar preocupado...

Com quem chega atrasado,

Sem ao menos ter lugar,

Vêm de tantos estados,

Isso tem que acabar,

Você precisa parar....

São Paulo, São Paulo,

Sua alma de pedra não vive de sangue,

São Paulo, São Paulo,

Seu grito não serve neste surdo espanque punk,

Você precisa parar,

Você, São Paulo

Sua dor se projeta nas filas

Num rumo errante,

Seu espírito idealista,

Sempre é tão distante...

Quem procura em suas esquinas,

No prazer de te dobrar,

como é tão menina,

Sua forma de ganhar,

Você precisa parar....

ESCADAS DA SÉ - TEXTO INAUGURAL


As escadas da Sé são palcos nus que mostram pessoas as mais diversas; turistas, sem-teto, distribuidores de adesivo de Nossa Senhora, pessoas que cansadas de procurar emprego, não sentem-se tão dignas de entrar na casa de Deus, e ficam entre o mundo profano e o mundo onde tudo falta, inclusive quem os ampare e diga o que fazer. O boliviano que vende CDs de música Andina, o homem que chama atenção com o bonequinho filiforme que foi batizado de "Chiquinho", as ciganas, "buenas Dichas" que pescam mãos ingênuas para dizer coisas que a todos preocupam, e nunca foram percebidas; o homem que comanda horrendas mãos de borracha, como aquela da Família Adams, pessoas que assistem o vai e vem na praça, mais adiante o pregador eloqüente, o homem que estala seu chicote, pula em um aro com facas em sua borda, às vezes, o corre-corre dos camelôs perseguidos por homens de jaleco amarelo assessorados por homens de azul, guardas municipais que tornam em segundos o centro em verdadeira pista de maratona com carregamento de diversas caixas, bancas, sacos, gritos e sinais que mostram que a cidade pulsa ao tom da guerra entre o certo e o errado, o legal e o clandestino, e assim a cidade se forma a cada instante, se transforma em palco de dança, dor e sangue que tinge os passeios na noite fria, obra de covardes dissimulados, seres sem alma, duais e comprados por quem não aceite dividir seu espaço com quem já não tem sequer espaço.

As escadas da Sé, são palcos nus da falta de amor, da falta de consciência coletiva que deveria perceber que aqueles que morreram nas madrugadas do holocausto, fazem falta; fazem falta porque quanto menos mendigos vagam por aí, menos se pode perceber que ainda se exclui, abandona, ignora e desvia de pessoas que se deixaram levar por adversidades; o "Pantera", e tantos outros são os atores de uma peça que nunca sai de cartaz, ainda que se mudem os atores, mesmo a direção, que varia conforme a ideologia e até mesmo a moda do momento - a moda, agora é matar quem não pode se defender, e o único erro que cometeram, foi o de escolher a calçada fria como lar.

*Este texto foi escrito na época da onda de assassinatos de moradores de rua(1994), daí a menção ao Pantera, tido como um dos mártires desta triste passagem na cidade.